A história...
Piatã, um índio brasileiro e
Débora, uma moça da cidade grande, descobrem o amor e se tornam cúmplices numa
jornada de aventura, histórias, lendas, desafios e humor. A descoberta do
outro, as palavras diferentes, os costumes, a vida na floresta em oposição à
vida na cidade, revela aos espectadores uma nova forma de pensar e repensar o
nosso país e as transformações decorrentes a partir da chegada dos portugueses.
As lições do Pajé e da Índia respeito a tudo que foi criado para sobrevivência,
além dos ensinamentos e tradições repassadas de geração em geração.
Contrastando com os nativos, está Henriqueta, mãe de Débora, que ama a família e
por essa razão viaja com eles para a floresta, mas tem grandes dificuldades de
adaptação. Já Juvenal, seu marido, convive bem com a natureza, é botânico, e
está sempre muito entusiasmado pelo estudo de plantas raras.
Travamos não um embate entre as
duas culturas, mas uma lembrança, que podemos e devemos viver melhor, com mais
harmonia entre os seres humanos, sem fazer distinção de raça, cor, credo ou
costumes, assim como ainda podemos mostrar aos pequenos de hoje, e lembrar aos
adultos, que tudo só depende da atitude de cada um de nós perante a vida.
Proposta de montagem
Quando os portugueses chegaram nessas terras havia 5 milhões de índios. Hoje, com uma população de menos de 300 mil habitantes, as tribos indígenas sem possibilidade de manter seus povos, estão em extinção. Apenas no intervalo de 1900 a 1957 foram dizimadas 87 nações.
A preservação da natureza tornou-se mote de muitos trabalhos na sociedade nos dias atuais, porém, as propostas são insuficientes se não for considerado o pensamento de quem deve colaborar. O homem pensando em progresso, bens materiais, prosperidade de vida financeira, criou seus costumes e sua cultura, que não podemos afirmar ser melhor ou pior, mas sim diferente do nativo dessa terra.
Através de estudos da cultura indígena, percebe-se que a interação destes seres com a natureza é respeitosa devido aos valores provindos de seus antepassados, valores estes que se perderam com o tempo e com a inserção de outras culturas dominantes. A partir dessas afirmações, devemos perceber quais atitudes e pensamentos ainda podem ser absorvidas por nós e inseridas em nosso cotidiano.
De acordo com os dados acima, fica explicitado que uma abordagem mais aprofundada do assunto é necessária, pois, realizado de forma imagética e lúdica, o espetáculo possibilita o esclarecimento de crianças e adultos a respeito do tema em pauta, para que percebam quais foram suas raízes culturais, quão diversificada é a cultura brasileira, e principalmente, a aculturação de ambos os povos. Ao falar de aculturação permitimos a discussão do preconceito existente quando as diferenças, físicas e sociais, são mencionadas.
A direção do espetáculo buscou
na criação dos personagens da cidade uma identificação com construção dos
mesmos. Na direção dos personagens índios, a pesquisa do grupo foi fundamental,
pois a partir de vídeos, fotos e longas conversas com João Américo Peret
(antropólogo, escritor e indigenista) compreendeu-se seus rituais, relações,
cotidiano, e influências externas já absorvidas por eles.
Para a criação do cenário, optamos por utilizar as cores
neutras (marrom e palha) tanto no pano de fundo quanto nos objetos. Para
ambientalizar as cenas a luz delineia e cria sensações, proporcionando ao
espectador uma clareza nas mudanças de lugares. Quanto ao figurino, temos uma
lógica instituída através de pesquisas, onde para os índios, buscou-se uma
transposição da realidade, e para os personagens da cidade, apesar de
realistas, possuem em seus figurinos referências aos animais pesquisados em
suas criações.
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